Trabalhadores da Brintons - Indústria de Alcatifas, situada no concelho de Vouzela, mostraram-se na quarta-feira (23 de março) preocupados com o possível encerramento da fábrica, na sequência da desmontagem dos teares, que serão enviados para a Índia.
“Metade dos trabalhadores já estão há muito tempo em ‘lay off’ e agora tivemos a notícia de que vão levar os melhores teares que temos para a unidade de produção da Índia”, disse à Lusa Maria Isabel Almeida, que trabalha na empresa há quase 25 anos.
Os receios de Maria Isabel Almeida são partilhados pelo colega André Monteiro: “a venda dos teares pode ser o princípio do fim desta empresa. São os quatro mais importantes, os mais eficazes, os que produziam mais. Não compreendemos o que se passa”.
A União dos Sindicatos de Viseu promoveu uma concentração em frente às instalações da empresa, onde foi colocada uma faixa com a inscrição: “Os teares são dos trabalhadores! Vendam o que é vosso!”
A coordenadora da Federação dos Sindicatos Têxteis, Vestuário e Calçado de Portugal (FESETE), Isabel Tavares, disse aos jornalistas que, há cerca de dois anos, a empresa tinha mais de 200 trabalhadores e, neste momento, tem 90, estando metade a produzir e a outra metade em ‘lay off’.
Neste período, saíram da empresa cerca de cem trabalhadores: “alguns por acordo, outros porque terminou o contrato e não foi renovado e outros porque, por sua iniciativa, perante a instabilidade, encontraram soluções melhores”.
Os sindicalistas reuniram com os responsáveis da empresa, mas, segundo Isabel Tavares, o resultado foi “uma mão cheia de nada no que diz respeito às perspetivas de futuro”.
“A empresa diz que, à data de hoje, não tem nada para dizer de concreto e objetivo quanto ao futuro dos 45 trabalhadores que estão a produzir e dos 45 que estão em ‘lay off’ (que termina no início de abril)”, contou, acrescentando que “as preocupações ainda cresceram mais com esta reunião”.
No seu entender, a pandemia de covid-19 já não pode ser dada como justificação, até porque o que se verifica no setor é “acréscimo de encomendas, retoma da atividade na plenitude, recurso ao trabalho extraordinário, procura de trabalhadores”.
Contactada pela Lusa, fonte da empresa disse não ter comentários a fazer.